DÉCIMA NOITE SANTA

Abra seu coração, reconheça o amor em si e nos outros. Ele não está assentado em laços físicos, mas espirituais.

DÉCIMA NOITE SANTA: 3 de janeiro

De novo sai o sol, atravessamos um novo dia e vem o cair da noite.

Uma estrela brilha no céu, emanando seu brilho da Constelação de Gêmeos, o portal através do qual emanam as forças espirituais dos Serafins, os Seres do Amor. Amor que não está mais assentado nos laços físicos, nos laços da paixão, mas nos laços espirituais. O amor fraterno.

Os gregos têm um mito que ilustra a natureza desse amor. Castor e Pólux eram irmãos, filhos da mesma mãe com pais diferentes. Castor era mortal e Pólux, imortal. Ocorreu que Castor morre e seu irmão vai até Zeus e pede que a sua imortalidade seja retirada e concedida a Castor. Zeus, comovido, tornou-os ambos imortais e os colocou no céu na forma de uma constelação, a constelação de Gêmeos, elevando o sentimento que havia entre eles à esfera macrocósmica. O que os tornou imortais não foram os laços de sangue, mas uma forma ainda mais elevada de amor, o amor fraterno.

No Evangelho temos a expressão dessa forma de amor: “onde dois estiverem reunidos em meu nome eu estarei no meio deles” – abre-se mão do próprio Eu, e ganha-se um outro Eu que é eterno.

A fraternidade tem sido o mais poderoso impulso para a vida social, pois tem o poder de romper as barreiras de status, de etnia e de crenças.

Devido ao individualismo, atualmente andamos pelo mundo estabelecendo diferenças, colocando barreiras. O tipo de interesse pelo outro que era natural na juventude, ou na fase adulta, não ocorre mais. Para desenvolver a fraternidade, torna-se necessário o tipo de contato do “eu para eu”. O que vive em mim que encontra ressonância no outro e que me faz querer caminhar e atuar juntos? Para lidar com a sensação de isolamento e agregar valor ao mundo, precisamos de convivência e do entendimento.

O desenvolvimento ocorre de modo descontínuo e é qualitativo, tem a ver com evolução. O amor introduz um elemento não calculável, de caráter evolutivo, tornando possível o impossível, porque todo o sistema é alterado. (LIEVEGOED, Bernard. Rumo ao Século XXI. 1997. p.83, 85, 116).

Caminhar pelo mundo, sentindo-se um “ser à parte”, marca o início da etapa da maturidade da alma na qual se encontra, historicamente, desde a Renascença, a humanidade inteira. Diferentemente da juventude, quando fomos em busca do lugar no mundo. Diferentemente da vida adulta, quando consolidamos o lugar no mundo, a experiência emocional da alma consciente é “Lá está o mundo, e aqui estou eu! O que existe lá que tem a ver comigo?!”

A autoeducação, nessa fase da vida, torna-se tarefa social.

O interesse autêntico pelo outro está amarrado ao grau de interesse no desenvolvimento próprio, no conhecer bem a si mesmo. Faz parte do destino do ser humano que ele só se desenvolva através do outro e com o outro na cocriação de novas realidades.

Na décima Noite Santa, através do portal de Gêmeos, os impulsos espirituais dos Serafins ajudam a vencer a barreira do individualismo e da solidão.

Nesta noite abra o seu coração, reconheça o bem em si e nos outros. Da região de Gêmeos, os Serafins, Espíritos do Amor, trazem a você impulsos para vencer a barreira do individualismo e da solidão e encontrar sentido na união e na fraternidade

“Com firmeza eu ocupo meu lugar no mundo,
Com certeza eu caminho pela vida,
Com amor no íntimo do meu ser,
Com esperança em tudo que eu faço,
Com confiança no meu pensar,
Forças jorrem do meu coração.”

 
homem vitruviano
 

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fonte do texto:
ANDRADE, Edna. As Doze Noites Santa [Site Festas Cristãs: <http://www.festascristas.com.br/12-noites-santas/12-noites-santas-textos-diversos/483-as-doze-noites-santas-edna-andrade>]. Acesso em 24 dez 2020.
Palestra proferida por Edna Andrade na Clínica Tobias em São Paulo no Natal de 2006.
ANDRADE, Edna. Décima Noite Santa: 3 de janeiro [Site Biblioteca Virtual da Antroposofia: <http://www.antroposofy.com.br/forum/decima-noite-santa-3-de-janeiro-2/>]. Acesso em 03 jan 2021.
ANDRADE, Edna. A jornada meditativa das doze Noites Santas. São Paulo: Editora Antroposófica, 2020. p.49-50.

Gravação com narração de Mirna Grzich, produção de Gabriel Lehto