TEMPO DE ADVENTO: ANTÍFONAS DO Ó

As Antífonas do ‘Ó’ são composições poéticas de que se tem registro desde os anos 600 na Igreja antiga. Não se sabe exatamente sua origem, mas eram veneradas e foram reintroduzidas na liturgia após o Concílio Vaticano II. Muito entoadas no canto gregoriano no período do Advento, cada uma das sete estrofes iniciam com a exclamação “Ó”, precedendo a entoação do Canto de Maria, o Magnificat (Lc 1:46-55). As sete estrofes das Antífonas do Ó aclamam a Sabedoria; o Senhor, Adonai; a Raiz de Jessé; Chave de Davi; o Oriente; Rei das nações; e Emmanuel.

Aqui utilizamos a versão de Reginaldo Veloso que traduziu as Antífonas do Ó para a cultura e religiosidade brasileiras, conforme publicada no Ofício Divino das Comunidades, Paulus Editora. Reginaldo Veloso incluiu outras duas estrofes, perfazendo assim uma novena de Advento, iniciando com nova primeira estrofe “Ó Mistério” , e nova segunda estrofe “Ó Libertação”. Há algumas belas versões gravadas pelas edições Paulinas. Ao final da página, inclui três destas gravações com a primeira estrofe “Ó Mistério”, a quarta estrofe “Ó Senhor, Ó Adonai”, e quinta estrofe “Ó de Jessé Raiz”. Deixei também duas versões do Cântico de Maria, tal como constam nas gravações.

ANTÍFONAS DO Ó

Ó, ó, ó…
Ó, ó, ó…
Ó Mistério:

Escondido há séculos nos céus
Aos fiéis foste um dia revelado,
E dos cegos os olhos recobrados,
Já se firmam do coxo os passos seus,
Faz o pobre escutar a voz de Deus,
Vem, levanta do chão os humilhados, ó, ó.

Vem, ó filho de Maria,
O amanhã já se anuncia
Quanta sede, quanta espera,
Quando chega, quando chega aquele dia?…

CÂNTICO DE MARIA

Minh’alma exalta ao senhor
– E o meu coração vibrando se alegra
Em Deus que é meu Salvador
– O Deus que minh’alma alegre celebra
Ele voltou seu olhar
– para a pequenez de sua servidora
E todas as gerações
– me proclamarão feliz e ditosa
Ele aliou-se a Abraão
– e a seus descendentes sem fim também
Glória ao Pai por Seu Filho
– no Espírito Santo pra sempre. Amém

Ó, ó, ó…
Ó, ó, ó…
Ó libertação:

Pelo Espírito Santo consagrado
Boa nova trouxeste aos oprimidos,
confortaste os corações sofridos,
Os cativos por ti serão livrados,
Vem liberta este povo acorrentado
E o tempo da dor seja esquecido, ó, ó.

Vem, ó Filho de Maria,
Já se acende a Estrela Guia,
Quanta sede, quanta espera,
Quando chega, quando chega aquele dia?…

Ó, ó, ó…
Ó, ó, ó…
Ó sabedoria:

Tu saíste da boca do mais alto,
Os confins do universo atingiste,
Tu com força e ternura dirigiste
Este mundo por ti todo ordenado,
Vem mostrar o caminho consagrado
Da prudência, que ao justo um dia abriste, ó,ó.

Vem, ó Filho de maria,
Vem do céu Sabedoria,
Quanta sede, quanta espera,
Quando chega, quando chega aquele dia?…

Ó, ó, ó…
Ó, ó, ó…
Ó Senhor, ó Adonai:

De Israel, do teu povo és o guia,
Nu’a fogueira a Moisés te revelaste,
No Sinai a teus servos entregaste
Uma Lei cheia de sabedoria,
Vem trazer a teu povo alforria,
Libertar com teu braço os que amaste, ó, ó.

Vem, ó Filho de Maria,
Do teu povo és o guia,
Quanta sede, quanta espera,
Quando chega, quando chega aquele dia?…

Ó, ó, ó…
Ó, ó, ó…
Ó de Jessé raiz:

Estandarte bem alto levantado,
Um sinal para todas as nações,
Frente a ti ficam mudos os barões,
Clama o povo e só quer ser escutado,
Vem, Senhor, libertar o escravizado,
Não demores, escuta as orações, ó,ó.

Vem, ó Filho de Maria,
Vem dos tristes alegria,
Quanta sede, quanta espera,
Quando chega, quando chega aquele dia?…

CÂNTICO DE MARIA

– A minha’alma engrandece o Senhor
E exulta o meus espírito em Deus, meu Salvador;
– Porque olhou para a humildade de sua serva,
Doravante as gerações hão de chamar-me de bendita.
– O poderoso fez em mim maravilhas,
E santo é seu nome!
– Seu amor para sempre se estende
Sobre aqueles que o temem;
– Manifesta o poder de seu braço,
Dispersa os soberbos;
– Derruba os poderosos de seus tronos
E eleva os humildes;
– Sacia de bens os famintos,
Despede os ricos sem nada.
– Acolhe Israel, seu servidor,
Fiel ao seu amor,
– Como havia prometido a nossos pais,
Em favor de Abraão e de seus filhos para sempre.
– Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo.
Como era no princípio, agora e sempre. Amém!

Ó, ó, ó…
Ó, ó, ó…
Ó Chave de Davi:

És o cetro da casa de Davi,
Tu, que abres, e ninguém pode fechar,
Tu que fechas e abrir quem poderá?
Vem depressa esta raça acudir,
Algemado quem vai poder sair,
Se na sombra da morte é seu lugar? ó,ó.

Vem, ó Filho de Maria,
Vem, ó Cristo, Rei-Messias,
Quanta sede, quanta espera,
Quando chega, quando chega aquele dia?…

Ó, ó, ó…
Ó, ó, ó…
Ó Sol do Oriente:

És o Sol da Justiça que desponta,
Resplendor de uma luz que não se apaga,
Quem habita nas trevas te aguarda,
Quem do cego pecado está na sombra,
Quem da morte adormece, leva em conta,
Vem, Senhor, essa escuridão faz clara, ó ó.

Vem, ó Filho de Maria,
Vem raiar sol da justiça,
Quanta sede, quanta espera,
Quando chega, quando chega aquele dia?…

Ó, ó, ó…
Ó, ó, ó…
Ó Rei das nações:

Desejado dos povos, Rei das gentes,
Tudo ajuntas em ti, Pedra Angular,
Inimigos tu vens apaziguar,
Vem salvar este povo tão dormente,
Pois do barro formaste o nosso ente,
Vem, Senhor, e não tardes, vem salvar, ó, ó.

Vem, ó Filho de Maria,
Deus da nossa alegria,
Quanta sede, quanta espera,
Quando chega, quando chega aquele dia?…

Ó, ó, ó…
Ó, ó, ó…
Ó Emanuel:

Deus-conosco, ó Rei legislador,
Esperança de todas as nações,
Desejado de todos corações,
És dos pobres maior libertador,
Finalmente salvar-nos vem, Senhor,
Ó Deus nosso, ouve as nossas rogações, ó, ó.

Vem, ó Filho de Maria,
Vem depressa, ó luz da vida,
Quanta sede, quanta espera,
Quando chega, quando chega aquele dia?…

 

 

fonte do texto
VELOSO, Reginaldo. Antífonas do Ó. in Ofício Divino da Comunidade.
IHU Unisinos. O cantar da esperança pelas Antífonas do ‘Ó’. Disponível em <https://www.ihu.unisinos.br/585567-cantando-o-advento-as-sete-antifonas-do-o>

fonte das imagens:
CECCONI, Carlos Francisco. Menssagem de Natal (ao fundo versos de Carlos Drummond de Andrade). dez/2021.
CECCONI, Carlos Francisco. Altar com Presépio de Natal. dez/2023.
PASTRO, Cláudio. Ilustração com desenho de Maria.