UMA SINGELA ARTE PARA O CONTINUAMENTE MEDITA

Por aqui nos dedicamos à meditação aliada a processos de individuação, espiritualidade do encontro com o Sagrado no interno em nós e no nosso entorno, nossas relações. Psicologia, espiritualidade, filosofia, poesia, arte, engajamento, devoção são nossos fundamentos para a prática continuada. Prezamos nossa prática, prezamos nossos vínculos, graça que recebemos em nossas interações peregrinas do Ser, Peregrinas e Peregrinos do Caminho Interior.

Como grupo nos encontrávamos com alguma frequência mais ou menos mensal há dez anos. No caminho da impermanência, nos propusemos a disciplina de nos encontrarmos semanalmente para dedicarmos nosso silêncio e nossa prática. Assim estávamos há quase quatro anos, nos encontrando toda semana. Os desafios de 2020 e o isolamento solidário a que estamos conscientes não nos possibilitavam seguir presencialmente, quando então decidimos nos encontrar diariamente em ambiente remoto de vídeo conferência. E assim trilhamos 2020: prática de meditação em grupo em encontros diários, com estudos e diálogos.

Agora, para nossa jornada de 2021, ganhamos uma arte, novo elemento para nos singularizar:

arte circular com a frase Continuamente Medita, aumentando tamanho da fonte em três partes: continua, mente, medita. No cento há desenho de um coração e uma pequena estrela ao lado do coração

A arte é cria de Pilar Velloso. Depois de alguns estudos chegamos felizes a esta.

Há um motivo circular. Círculo que remete à prática em grupo e também à constância da prática num contínuo circular. Há graficamente destaque e crescimento das fontes, dividindo o que era racionalmente dois, em três: continua, mente, medita. Ó três que cria o movimento circular, convidando como num poema concreto a um Kohan pessoal em que o leitor pode também brincar.

Mas há mais. A palavra coração não está grafada, está graficamente revelada no campo imaginal quando a partir do círculo contínuo, como a dança de um dervixe, se atinge um movimento espiralado para alcançar o coração, no centro. Coração e mente, mente e coração. Coração Cabeça, diz o poeta (“Meu coração não cabe em minha cabeça; minha cabeça começa em meu coração”; no poema concreto animado de Augusto de Campos). E esta a nossa mesma trilha, meditação que nos revela percepções sensoriais, corporais, ouvir o coração, pensamento do coração, “onde as essências da realidade são apresentadas à imaginação pelo imaginal” (James Hillman).

Mas há mais. Também a palavra estrela não está grafada. Revelada à peregrina, ao peregrino do caminho interior, a palavra estrela pulsa ao lado do coração. Pulsação que na percepção do imaginal se nos revela: “Nós pertencemos ao cosmos porque há em nós antigas estrelas” (Jean-Yves Leloup e Carl Seagan, cada um no seu tempo e em suas palavras). Ou no convite místico de Rumi:

Vem,
Te direi em segredo
Aonde leva esta dança.

Vê como as partículas do ar
E os grãos de areia do deserto
Giram desnorteados.

Cada átomo
Feliz ou miserável,
Gira apaixonado
Em torno do sol.

Peregrinas e peregrinos do Caminho Interior,
Amigas e amigos,
Praticantes
Esta então, a partir de hoje, a arte que nos singulariza:

Ainda há mais. Gostamos tanto que resolvemos brincar e incluímos a imagem ícone de um objeto não identificado, quem sabe sejam Serafins que nos visitam da Constelação de Gêmeos, enviando sinais para despertar nossas memórias estelares e nos indicar que aquela estrela que contemplamos reside afinal em nosso coração:

Ficou tão bonito! Não acham?!